(21) 96464-8597 laado@laado.com.br

Em meio a um cenário de crise que estamos passando com o Coronavírus, a leitura pode sempre nos ajudar a encontrar algum conforto e aprendizados para a vida. Por aqui ela tem sido uma das nossas maiores companheiras da quarentena.

Um dos últimos livros que lemos nos tocou muito. Fizemos uma resenha que gostaríamos de compartilhar com você sobre o livro “Em busca de sentido”, do neuropsiquiatra Viktor E.Frankl. O livro traz ensinamentos importantes que podemos usá-lo para a vida durante esse período de isolamento.

Viktor E. Frankl morreu no dia do meu aniversário (2 de setembro), em 1997, com 92 anos, foi um importante psiquiatra e neurologista e professor de diversas universidades como Universidade de Viena, Harvard, Stanford.

Ele criou uma escola de psicoterapia chamada de Logoterapia e Análise Existencial, que desenvolveu após sobreviver por cerca de 3 anos em campos de concentração nazistas, onde perdeu sua mulher grávida, pai, mãe e o irmão.

É uma aula de ressignificação da vida em meio a cenários adversos. Mesmo após passar por um dos maiores sofrimentos da história da humanidade, Viktor foi capaz de superar e ressignificar sua vida.

E tornou isso o seu sentido de viver ajudando pessoas com uma vida “semi-destruída” a reconstruí-la encontrando novos significados e responsabilidades.

Frankl encarava a vida de uma forma extremamente positiva que relata como a “capacidade do ser humano de “transcender sua situação difícil e descobrir uma adequada verdade orientadora.”

O livro está dividido em três partes.

Primeira parte 

Na primeira parte do livro conta, sob a ótica do psicólogo e não do ex-prisioneiro, o que diferencia as pessoas mesmo nas situações mais extremas como um campo de concentração. Por que algumas são capazes de suportar tudo o que passaram e outras sucumbem?

É interessante porque no livro Frankl usa a experiência de um caso extremo da vida dele e as análises que fez sobre o comportamento humano para nos mostrar como cada pessoa reage diante de situações difíceis na vida. E este momento de isolamento social é um caso muito difícil e cada pessoa reage de uma forma diferente.   

Ele explica que, diante de situações extremas, geralmente as pessoas passam por uma fase de ilusão, seguida de apatia, que explica porque as pessoas evitam tomar decisões mesmo em situações extremas, em que uma decisão pode representar existir ou desistir. E, diante dessas escolhas, muitos preferem deixar o destino decidir por elas. 

Outro sentimento percebido é a irritabilidade. É compreensível que muitas as pessoas não consigam manter a auto-estima firme em situações difíceis. E o estresse, associado com hábitos pouco saudáveis, contribuem para a desestabilização química do nosso corpo, aumentando os níveis de estresse e irritação.

Mas, por pior que seja a situação, o psicólogo é categórico ao mostrar que “toda pessoa, mesmo sob aquelas circunstâncias, pode decidir de alguma maneira no que ela acabará dando, em sentido espiritual.”

Em outras palavras, ele revela que somente sucumbe aquele que se entrega. E só se entrega quem não tem mais um sentido para viver. No livro, Frankl defende que “muitas vezes é justamente uma situação exterior extremamente difícil que dá à pessoa a oportunidade de crescer interiormente para além de si mesma.” 

“Quem tem por que viver agüenta quase qualquer como”

Nietzsche

Segunda parte

Na segunda parte do livro, ele explica de uma forma ampla a abordagem que psicoterapia que ele desenvolveu e chamou de Logoterapia. O termo “logos” é uma palavra grega, e significa “sentido”. Portanto para a logoterapia, a busca de sentido na vida da pessoa é a principal força motivadora no ser humano.

Dessa forma, ele procura criar nas pessoas uma consciência plena de sua própria responsabilidade diante da vida. Refletir sobre o que nos motiva e o que dá sentido para nossa vida, sem dúvida dá trabalho. Mas acreditamos que o momento que estamos vivendo pode ser encarado como uma oportunidade de repensarmos muitas coisas.

Como Frankl fala no livro, “a busca por sentido certamente pode causar tensão interior em vez de equilíbrio interior. Entretanto, justamente esta tensão é um pré-requisito indispensável para a saúde mental.” 

Segundo o autor, “a saúde mental está baseada em certo grau de tensão, tensão entre aquilo que já se alcançou e aquilo que ainda se deveria alcançar, ou o hiato entre o que se é e o que se deveria vir a ser. Essa tensão é inerente ao ser humano e por isso indispensável ao bem-estar mental.”

Ou seja, se pararmos para pensar, o ser humano, assim como os animais de uma forma geral, precisam de uma certa dose de desconforto para evoluir. Precisamos ter fome para nos obrigar a sair em busca de comida. 

No entanto, a sociedade atual tem sofrido do que ele chama de “vazio existencial”. Que é justamente a ausência de um senso de propósito maior.

Vivemos a vida em modo automático, sem muita consciência e sem tempo “disponível” para refletirmos sobre as nossas próprias escolhas. Quem sabe esse momento não pode ser uma oportunidade de mudanças.

“Às vezes a vontade de sentido frustrada é compensada por uma vontade de poder, incluindo a sua mais primitiva forma, que é a vontade de dinheiro. Em outros casos, o lugar da vontade de sentido frustrada é tomado pela vontade de prazer.” 

É por isso que muitas vezes a frustração existencial acaba em compulsão em casos extremos. E a forma como lidamos por exemplo com dinheiro e com alimentação está muito relacionado com isso. 

Para Frankl, “todo ser humano tem a liberdade de mudar a qualquer instante. (…) O ser humano é capaz de mudar o mundo para melhor se possível, e de mudar a si mesmo para melhor se necessário.” 

Terceira parte

Na terceira parte do livro, ele apresenta a tese do “Otimismo trágico”, que “se refere às preocupações dos dias de hoje e como é possível “dizer sim à vida” apesar de todos os aspectos trágicos da existência humana. Espera-se que um certo “otimismo” com relação ao nosso futuro possa fluir das lições retiradas do nosso “trágico” passado.”

“Isso, por sua vez, pressupõe a capacidade humana de transformar criativamente os aspectos negativos da vida em algo positivo ou construtivo. Em outras palavras, o que importa é tirar o melhor de cada situação dada.

“Como é possível dizer sim à vida apesar de tudo isso? (…) No final das contas, “dizer sim à vida apesar de tudo.” 

Nesse momento que estamos vivendo, essa é uma resposta que só conseguimos encontrar dentro de nós mesmos. Não existe um certo e um errado. Existe o que é importante para cada um de nós. Para quem quiser fazer esse exercício, este é um belo livro. E se você resolver ler o livro “Em busca de sentido”, depois conta aqui pra gente como foi essa experiência para você.

Descubra mais sobre Laado Mais Seguro

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading